Neste sábado, dia 30 de Junho, faz dez anos que Chico Xavier está no plano espiritual. Uma década de saudade...
O que falar de Chico Xavier ?
Muitas, muitas coisas...
Chico Xavier nasceu em 2 de Abril de 1910, na pequena cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Mineiro, pobre e órfão de mãe....
O
que esperar deste menino de Pedro Leopoldo, que dizia ver e conversar
com os “mortos”, que foi chamado de louco, de endemoniado?
A princípio, quase nada a esperar, a não ser sua internação em uma instituição para desequilibrados mentais.
Mas, felizmente, não foi o que ocorreu...
Chico passou por diversas privações e sofrimentos quando criança, os
quais sempre conseguiu superar com o auxilio de sua mãe, desencarnada
quando ele contava com cinco anos de idade, que lhe aparecia em
Espírito.
Este menino vinha a Terra com uma missão: divulgar a Doutrina Espírita,
a duras penas: sofrendo perseguições, sendo acusado de fraudes com suas
psicografias, ser humilhado, sofrer com as doenças que o acometiam:
atormentado pela angina, castigado pela catarata, abalado por
sucessivas crises de pneumonia, Chico continuou a trabalhar sem
descanso, quase sem queixas. Exercitou ao máximo, além dos próprios
limites, o sentido de aceitação. Ele não só aceitava as dores, doenças
e obstáculos da vida, como agradecia por eles. O sofrimento era uma
“benção”, o caminho mais curto para resgatar dívidas passadas,
aprender, evoluir.
Em 08 de julho de 1927, Chico Xavier recebe sua primeira psicografia num Centro Espírita.
Em
fins do ano de 1931, já com diversos escritos psicografados, Chico teve
seu primeiro encontro com o Espírito Emmanuel, que solicitou seus
préstimos para o trabalho de divulgação, exigindo-lhe apenas que
cumprisse três pontos básicos: disciplina, disciplina e disciplina.
Em 1932, foi lançado seu primeiro livro, o “Parnaso de Além Túmulo”.
Os
livros foram se sucedendo. Poucos escritores brasileiros conseguiam
vender tanto quanto Chico. Mas ele nunca ficava com um centavo. Os
direitos autorais integrais eram destinados às obras assistenciais da
Federação Espírita Brasileira e outras instituições de caridade.
Logo
no início de suas atividades mediúnicas, Chico Xavier experimentou a
implacável perseguição do clero, que tudo fez para afastá-lo de sua
tarefa missionária.
Suportou as mais terríveis calúnias e as mais difíceis provas de humildade.
Inconformada
de perder terreno para o Espiritismo, a Igreja tentava desmoralizar
aquele que, à época, sem dúvida, era o principal responsável no Brasil,
pelo avanço da doutrina codificada por Allan Kardec.
As paredes do Centro Espírita “Luiz Gonzaga”, em construção, eram levantadas durante o dia e derrubadas à noite!...
Chico soube superar em silêncio, sem revidar à menor ofensa recebida.
Certa
vez, um bispo de Belo Horizonte resolvera excomungá-lo até a “quinta
geração”... Lourdes, irmã de Chico e fervorosa católica, voltou em
lágrimas para casa após a missa e contou ao Chico que ele havia sido
excomungado.
Chico
respondeu-lhe: ”Não se preocupe com este assunto de excomunhão, pois já
consultei o dicionário e excomungados estão todos aqueles que hoje, por
exemplo, sendo católicos, ainda não comungaram...Se você não teve
oportunidade de comungar hoje na missa, está ex-comungada... E quanto
eu ter sido excomungado até a 5ª geração, não se preocupe com isto,
pois não vai haver nem a 1ª.!... Você está desperdiçando as suas
lágrimas...”
Não
obstante, dividindo opiniões entre os opositores declarados da
Doutrina, em geral a vida e o trabalho de Chico Xavier sempre mereceram
o respeito dos adeptos menos ortodoxos de outras crenças religiosas,
como é o caso do teólogo Frei Beto, que disse à revista “Época”, em
1990: “As escrituras registraram que Jesus passou a vida fazendo o bem.
O mesmo se aplica a Francisco Cândido Xavier, o mais famoso kardecista
brasileiro e um dos autores mais lidos do País. Chico Xavier é cristão
na fé e na prática. Famoso, fugiu da tribuna. Poderoso, nunca
enriqueceu. Objeto de peregrinações a Uberaba jamais posou de guru.
Quem dera que nós, católicos, em vez de nos inquietarmos com os mortos
que escrevem pela mão de Chico, seguíssemos, com os vivos, seu exemplo
de bondade e amor!”.
Quando
sentia o coração oprimido, por tantas ofensas recebidas, deixava suas
lágrimas de dor banharem seu rosto, isolado em seu quarto.
Quando
estava atendendo às pessoas, principalmente aquelas que o procuravam
para obter o consolo pela perda de filhos e entes queridos, Chico
sofria, experimentava a dor de cada uma das pessoas, com extremado
amor...
Chico
tinha uma sensibilidade mediúnica que lhe permitia, por vezes, ao olhar
as pessoas, saber quando e como elas haveriam de desencarnar.
E
este fato lhe causava profunda tristeza, já que não poderia interferir
na Lei do Carma, então ele pediu a Emmanuel que lhe fosse bloqueada tal
possibilidade, ao que de pronto, o Mentor o atendeu.
Amor,
humildade, bondade, caridade, doação... estes atributos acompanharam
Chico Xavier durante todos os dias ao longo de seus 92 anos....
A
doação foi exercitada por Chico ao extremo: ele doava o seu tempo, sua
energia, sua paciência todos os dias, e muitas vezes, recebia em troca
desaforos, ataques, insultos...
Chico
foi movido, do inicio ao fim de sua trajetória, pela certeza de que
tinha uma missão a cumprir. Sua fé nesta missão era tanta que ele abriu
mão de tudo: dinheiro, sexo, a chance de construir a própria família,
para se dedicar a divulgar a Doutrina Espírita e difundir a prática da
caridade no Brasil. “Ajudai-vos uns aos outros” era o remédio receitado
por Chico para todos os males. “Ajude e será ajudado”, ele aconselhava
aos desesperados, e seguia à risca a própria receita.
Pouco
depois ingressava na Fazenda Modelo, órgão do Ministério da
Agricultura, no cargo de auxiliar de serviços. Funcionário exemplar,
nunca faltou ao serviço. A responsabilidade de Chico aumentou. Para
atender a todos, multiplicou-se. Nas sessões públicas, psicografava
cerca de 700 receitas, a maioria delas, ditadas pelo Espírito do médico
Bezerra de Menezes.
No
dia 8 de julho de 1977, Chico completou 50 anos de Mediunidade. E ao
ser indagado se considerava ser um privilegiado, respondeu:
“Nunca
me identifiquei na condição de um ser privilegiado. Perdi minha mãe ao
cinco janeiros de idade. Fui entregue a um lar estranho ao que me vira
nascer, onde, felizmente, apanhei muitas surras. Comecei a trabalhar
aos dez anos de idade, numa fábrica de tecidos, onde estive por quatro
anos.
Adoecendo
dos pulmões por excesso de pó, ao respirar com meu corpo ainda frágil,
passei imediatamente a servir na condição de caixeiro, num pequeno
armazém, onde dividia o trabalho entre vendas e os cuidados com a horta
dos proprietários, num esquema de horários que ia das sete da manhã ás
nove da noite. Em 1931, entrei para o Ministério da Agricultura, ao
qual servi por trinta e dois anos consecutivos. Adoeci dos olhos,
igualmente em 1931 e perdi totalmente a visão do olho esquerdo, há
quarenta e seis anos. Já passei por cinco operações cirúrgicas de
grande risco; sempre lutei com doenças e conflitos em meu corpo e em
minha mente, e por fim, sou agora portador de um perigoso processo de
angina, com crises periódicas que me levam a moderar todos os meus
hábitos. Com tantos problemas que vão se ajuntando a viver e a
compreender a vida, não sei que privilégio a mediunidade teria trazido,
em meu favor. Digo assim porque se completo agora 50 anos sucessivos de
tarefas mediúnicas ativas, também completei quarenta anos de trabalho
profissional intenso, em 1961, de cuja aposentadoria trouxe a
consciência de não haver faltado com as minhas obrigações. E pode crer
você que falando ao nosso Emmanuel sobre isso, ele me disse não ver
qualquer vantagem a meu favor, porque apenas tenho procurado cumprir o
meu dever e reconheço, de minha parte, que meus deveres são
imperfeitamente cumpridos.”
Em
1981, com 70 anos de idade e 200 livros psicografados, Chico foi
indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em campanha nacional embalada por mais
de 2 milhões de assinaturas de adesão.
Chico foi um homem escolhido para ser o tradutor entre o mundo dos mortos e o mundo dos encarnados.
E
a divina tarefa do médium Chico Xavier continuou sem que um precioso
minuto fosse perdido, apesar de todas as suas dificuldades físicas,
vindo a psicografar
412
obras, sem contar a sua incansável dedicação em benefício dos mais
necessitados, atendendo, semanalmente, a centenas de pessoas na Vila
dos Pássaros, com alimentos e palavras de conforto e esperança.
Ao
desencarnar, as obras de Chico Xavier, até então publicadas, perfaziam
o total de 412. As demais vêm sendo editadas de maneira póstuma, com
material inédito por ele deixado, totalizando hoje mais de 450 livros
publicados. Chico desencarnou no dia 30 de junho de 2002, em Uberaba,
aos 92 anos de idade, quando faltavam 8 dias em que seria alvo de uma
série de homenagens e comemorações: os 75 anos de sua mediunidade, 75
anos dedicados à causa da Doutrina Espírita, como um dos mais legítimos
discípulos de Jesus.
Quando
a notícia sobre seu desencarne se espalhou, fogos de artifícios ainda
espocavam nos céus de Uberaba e do Brasil. O país festejava a conquista
do pentacampeonato da Copa do Mundo de futebol....
Chico cumpriu sua promessa: desencarnou em um dia em que todos os brasileiros estavam felizes...
Pensamentos de Chico Xavier:
“O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o
Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos
uns aos outros.”
“Não me casei, mas em compensação, duas senhoras vieram morar comigo.
Uma delas chegou quando eu era mais moço – D.Catarata e, desde essa
época, não mais me deixou. A outra veio mais recentemente: é a
D.Angina. É mais exigente, de trato muito difícil. E eu tenho que me
render às exigências das duas senhoras, sob pena de sofrer muito nas
mãos delas.”
“Se eu fosse esperar melhores condições espirituais para servir, até o presente momento, eu não teria começado.”
CURIOSIDADES
Em 1971, Chico participou do programa Pinga-Fogo, um programa de entrevistas, líder de audiência.
Segundo Nena e Francisco Galves, que hospedaram Chico na véspera do
programa, ele passou a noite em claro, pedindo ajuda ao Espírito
Emmanuel, caminhando pelos jardins da casa.
O livro “Parnaso de Além Túmulo, com sua 1ª edição em 1932, foi na
verdade um livro que durante 23 anos foi sendo formado pelo Chico
Xavier e pela Federação Espírita Brasileira. Apenas em 1955, saiu a
edição definitiva do livro, em termos de número de poemas e número de
autores, porque o livro sofreu uma série de acréscimo de poesias e de
autores ao longo destes 23 anos.
Bibliografia
100 Anos de Chico Xavier Fenômeno Humano e Mediúnico – Carlos A Bacelli
Até Sempre Chico Xavier – Nena Galves
As Vidas de Chico Xavier – Marcel Souto Maior
Chico Xavier – A história do filme de Daniel Filho – Marcel Souto Maior
As Lições de Chico Xavier – Marcel Souto Maior
Pinga Fogo com Chico Xavier – Saulo Gomes
Caminho Espírita – Chico Xavier – Espíritos Diversos
Paz e Renovação – Chico Xavier – Espíritos Diversos
Rosana A. Souza
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