Comprados por preçoNa época em que havia escravidão nos Estados Unidos, certo homem chegou a uma rua movimentada onde estava ocorrendo um leilão de escravos. Parou por uns instantes na periferia do grupo e ficou assistindo à cena. Viu cada escravo ser levado a um palanque, com braços e pernas amarrados por cordas, como se fosse animal. Exibidos perante a multidão ruidosa, eles eram leiloados um a um. Alguns dos presentes examinavam a ?mercadoria?, pegando nas mulheres de forma desrespeitosa, e estudando os braços musculosos dos homens. Depois aquele senhor se pôs a estudar atentamente os outros escravos que, ali perto, aguardavam sua vez de serem negociados.
Seus olhos se detiveram sobre uma jovem que se achava mais ao fundo. A moça tinha no olhar uma expressão de medo; parecia apavorada. O homem pensou um pouco, e em seguida saiu.
Regressou daí a alguns minutos, exatamente no momento em que leiloeiro começava a pedir lances para a jovem que ele observara antes. Assim que o leiloeiro solicitou lances para a jovem, aquele senhor ofereceu o dobro de todos os outros preços pagos naquele dia. Por alguns instantes, reinou profundo silêncio no local. Em seguida, o leiloeiro bateu o martelo e disse: ?Vendida para o cavalheiro.?O homem dirigiu-se ao palanque, abrindo caminho entre a multidão. Parou ao pé da escadinha e ficou aguardando a moça que descia para ser entregue a seu novo dono. O oficial entregou-lhe a ponta da corda a que a escrava se achava amarrada, e ele a pegou sem dizer palavra.
Até então a jovem mantivera os olhos baixos.
Mas de repente, ergueu a cabeça e cuspiu-lhe no rosto.
Sem dizer nada, o homem pegou um lenço e limpou-o.
A seguir, sorriu para a jovem e disse-lhe: ? Siga-me. Relutante, ela se pôs a acompanhá-lo, Saindo do meio da multidão, ele encaminhou-se para a mesa onde eram ultimados os aspectos legais da transação. Sempre que um escravo era liberto, recebia um documento denominado ?carta de alforria?. O homem pagou o preço da compra da escrava e assinou os papéis necessários. Assim que o negócio foi concluído, ele se virou para a jovem e estendeu-lhe os documentos. Grandemente admirada, ela fitou-o sem saber o que pensar. Em seu olhar, estampava-se uma indagação: ?O que o senhor está fazendo?? E o homem respondeu a pergunta que ela fazia com os olhos. ?Tome, disse ele; pegue esses documentos. Eu a comprei para libertá-la. E enquanto você estiver de posse desses papéis, ninguém poderá escravizá-la. A moça olhava-o diretamente no rosto. O que estava acontecendo?
Houve um profundo silêncio. Afinal, falando lentamente a jovem indagou: ? O senhor me comprou para libertar-me? O senhor me comprou para libertar-me? E ficou repetindo e repetindo a frase. Por fim, a verdade começou a penetrar em sua mente ? O senhor me comprou para libertar-me? Seria possível que um desconhecido lhe estivesse concedendo liberdade e que nunca mais ela viesse a ser escrava de homem? Assim que a moça compreendeu o significado dos documentos que tinha em mãos, pôs-se a chorar e caiu de joelhos aos pés do cavalheiro Em meio a lágrimas de alegria e gratidão, disse:? O senhor me comprou para libertar-me?... De hoje em diante, irei servi-lo para sempre.
Nós todos nos achávamos escravizados ao pecado. Mas quando o Senhor Jesus derramou seu sangue na cruz do Calvário, estava pagando o preço de nossa libertação. É a esse fato que a Bíblia chama de redenção. ?No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça.? (Ef 1.7,) Era a isso que Paulo se referia quando afirmou: ?Porque fostes comprados por preço, agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.? (1 Co 6.20.) A morte de Jesus não foi um acidente. Ele verteu seu sangue deliberadamente.
Tomou a decisão consciente de morrer em nosso lugar, derramando seu precioso sangue em nosso favor. Ele afirmou o seguinte a respeito de si mesmo; ?Tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.? (Mt 20.28.) Para que foi que Cristo nos redimiu? ?Para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos,? (Rm 6.6.) E essa é a razão por que podemos estar ?mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus? (Rm 6.11).
Portanto vamos alegrar-nos não somente pelos erros de que fomos remidos, mas também pela vida para que fomos remidos. Fomos libertos da escravidão ao pecado e a Satanás. E fomos remidos para viver libertos do pecado e para ter uma nova vida em Cristo (2 Co 3.17,18). Quem já foi remido pelo sangue de Jesus pode dizer o seguinte:?Estou crucificado com Cristo - logo já não sou eu quem vive as Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.? (Gl 2.19,20.) |