Desapego
PAI JOÃO DE
ARUANDA
Somos como as folhas de uma grande árvore. Quando o vento passa,
nos
leva para onde a força da vida indicar.
Todos são Espíritos.
Todos
são imortais.
Nós não temos cor, não temos raça nem bandeira que limite a
nossa ação.
Às vezes é preciso que o vento nos leve até determinado lugar
para aí
desempenharmos uma tarefa. A gente se esconde num corpo quente num
coração
amoroso e então renasce vestido de carne, com roupa branca ou preta,
ou amarela;
bonita ou feia. Quando chega a hora e o vento sopra novamente,
partimos, deixamos
a roupa usada e rumamos para onde a vida nos conduzir,
para viver outra
experiência. Por isso é que devemos nos desapegar das coisas
do mundo, mesmo
daquelas que são boas. Estamos de passagem. Somos todos
peregrinos, romeiros da
vida.
Em nossa viagem pelo mundo só possuímos, na
verdade, aquilo que
doamos, que oferecemos à vida: o amor, as virtudes, o bom
caráter. As outras coisas
são muletas que usamos para ajudar na caminhada;
assim que aprendermos a andar
direito, com a cabeça erguida diante da vida,
deixaremos tudo de lado para partir a
novo aprendizado. É preciso se
desapegar do mundo. Usar as coisas que estão no
sem se submeter a
elas.
Essa, a verdadeira essência da vida. Pense nisso, meu
filho.
Vovó não quer Lasca de coco no terreiro.
Só pra não se alembrar
dos tempos do cativeiro.
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