terça-feira, 1 de junho de 2021

AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO. (Autor desconhecido ) Por: J. Ferreira

 


Em um cantinho de um terreiro sentado em um banquinho, fumando o seu cachimbo, um triste preto velho chorava.

De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas escorriam-lhe por suas faces e, não sei porque contei-as... Foram sete.

Na incontida vontade de saber, aproximei-me e indaguei: " - Fala meu preto velho por que externas assim uma tão visível dor?"

E ele, suavemente, me respondeu: - estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.



A PRIMEIRA, eu dei a esses indiferentes que aqui vêm em busca de distração, para sairem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...



A SEGUNDA, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam...



A TERCEIRA, distribuí aos maus, àqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante...



A QUARTA, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram se beneficiarem dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão...



A QUINTA, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios, mas, se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na Umbanda, nos seus caboclos e no seu Zâmbi, mas somente se resolverem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo...



A SEXTA, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscando aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente...



A SÉTIMA, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Fiz doação dessa lágrima aos médiuns vaidosos, que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam às doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade, e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.

Assim meu filho, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma: AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO. 

 


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