domingo, 23 de outubro de 2016

MIRONGAS E MANDINGAS DO PRETO VELHO Por José Oripe


     AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO   
AutorJoão Quizumba (preto velho recebido pelo escritor e médium Antonio Alves Teixeira Neto e Vovó Candinha de Angola recebida pela Srª Nancy sua companheira),   
Por outro lado, tendo em vista a própria natureza do que aqui foi escrito, prestando com esse trabalho uma homenagem particular a todos os pretos velhos, não tendo esquecido, é óbvio, das demais entidades da nossa querida Umbanda, a seguir registraremos na integra tão valiosa mensagem: " As Sete Lágrimas de um preto velho".

Em um cantinho de um terreiro sentado em um banquinho, fumando o seu cachimbo, um triste preto velho chorava.
De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas escorriam-lhe por suas faces e, não sei porque contei-as... Foram sete.
Na incontida vontade de saber, aproximei-me e indaguei: " - Fala meu preto velho por que externas assim uma tão visível dor?"
E ele, suavemente, me respondeu: - estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.

A PRIMEIRA, eu dei a esses indiferentes que aqui vêm em busca de distração, para sairem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...

A SEGUNDA, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam...

A TERCEIRA, distribuí aos maus, àqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante...

A QUARTA, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram se beneficiarem dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão...

A QUINTA, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios, mas, se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na Umbanda, nos seus caboclos e no seu Zâmbi, mas somente se resolverem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo...

A SEXTA, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscando aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente...

A SÉTIMA, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Fiz doação dessa lágrima aos médiuns vaidosos, que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam às doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade, e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.
Assim meu filho, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma: AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO. 
 

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