sábado, 24 de dezembro de 2011

PALESTRA REALIZADA DIA 17 DE DEZEMBRO DE 2011. Por: J. Ferreira

LOCAL: Fraternidade Espírita Ramatis – Santa Maria-RS
PALESTRANTE: José Oripe Barbosa Ferreira
GRADUAÇÃO: Bel.Teologia                                                     
TEMA: A Ingratidão dos filhos e os laços de família 

“Honra teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” (Efésios 6:1-3)

A ingratidão, é um dos frutos mais imediatos do egoísmo, e revolta sempre os corações virtuosos. Mas a dos filhos para com os pais tem um sentido ainda mais odioso. É desse ponto de vista que a vamos encarar mais especialmente, para analisar-lhe as causas e os efeitos. Nisto, como em tudo, o Espiritismo vem lançar luz sobre um dos mais graves problemas do coração humano.
Em diversas ocasiões a gente se pergunta por quais razões esses fatos nos acontecem?
E por mais estranho que nos possa parecer, esses acontecimentos estão dentro do que é previsto por Deus para a nossa vida de expiação terrena.
Para um melhor entendimento, realizaremos a seguir, uma explicação mais aprofundada e mais detalhada, onde iremos discorrer sobre a questão nº 385 do LE, e ESE cap. 14, itens 8 e 9, que esclarecem as relações de parentesco corporal e espiritual, abordando o tema:  Ingratidão dos filhos e laços de família. Que os laços de sangue não estabelecem necessariamente laços espirituais. O corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do espírito, porque este existe antes da formação do corpo.  O pai não gera o espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral, para o fazer progredir.
Muito nos causa revolta pessoal quando presenciamos cenas de ingratidão por parte de filhos, para com os seus pais.
O que necessitamos entender é porque isso nos acontece e qual a sua origem.
A saber que somos espíritos milenares e que reencarnamos com a única finalidade de “expiação” ou seja, pagar as nossas dividas com Deus, dividas que são acumuladas nesta e em outras vidas que já tivemos, e o pior disso tudo, sermos capazes de ainda acumular mais dividas para as vidas futuras, em razão de nossa teimosia e desobediência.
Que os nossos laços sanguíneos, não estabelecem obrigatoriamente os laços espirituais.
Quando desencarnamos o nosso espírito leva consigo as paixões vividas, as virtudes inerentes à nossa natureza, e irá no Plano Astral aperfeiçoar-se ou estacionar no tempo e no espaço, até um dia em que deseje evoluir e esclarecer-se.
Muitos desses irmãos (espíritos), levam com eles por ocasião do seu desencarne, ódios violentos, sentimentos de vingança ferrenha contra seus desafetos.
Para alguns, no entanto, em razão de serem um pouco mais adiantados, lhes é permitido saberem algo da verdade real. Posteriormente, são devidamente informados sobre o teor dos erros que cometeram enquanto aqui viveram.
As suas paixões desastradas e funestas, atitudes ruins para com o seu próximo, etc... e tomam então, a decisão de melhorar sua vida espiritual com Deus, mas para isso, só existe um caminho: A CARIDADE e o exercício do AMOR INCONDICIONAL.
Com grande esforço, sujeitam-se a observarem aqueles que detestavam enquanto viveram na Terra, e a cada visão destes, outra vez é despertada a sua ira incontida, não aceitando a simples idéia de perdão, e ainda mais a de amar aqueles que um dia lhe causaram tanto mal: destruindo talvez sua fortuna, honra e sua família.
Estes espíritos, sofredores e amargurados trazem seu coração abalado pelas “tribulações” passadas, enquanto o encarnado. Suas mentes espirituais vivem em uma constante luta entre o bem e o mal.
E lutam muito, resistem a aceitarem, exitam, vacilam, e  dão lugar aos sentimentos contrários ao amor.
Somente depois de muito esforço por parte das equipes de esclarecedores e doutrinares é que são convencidos pelas equipes espirituais do Plano Astral, então depois de orações incessantes, começam vencer as suas provas, implorando aos bons espíritos ajuda e força para vencer.
A partir daí, esses irmãos são acolhidos e tratados por tempo indeterminado, sendo literalmente assistidos pela equipe espiritual incumbida de redimi-lo, preparando-o para a próxima reencarnação, e claro que esse processo, pode levar muitos anos, e até séculos ou mais.
Nas Colônias Espirituais de Tratamento, permanecem indefinidamente como já o dissemos, anos, séculos ou milênios de meditação e orações, preparando-se  espiritualmente até que um dia, pronto, ele se aproveita de um corpo que se preparara para uma família das pessoas que ele detestou, e pede aos espíritos encarregados de interagirem junto ao Pai sobre o seu caso, para ir cumprir sobre a Terra os destinos desse corpo que vai se formar.
E depois de reencarnado é que começam ai suas provas de que esse espírito realmente evoluiu enquanto esteve no universo astral ou não. De volta a Terra e que esse espírito agora encarnado, irá ser duramente provado constantemente, em seu caráter, equilíbrio moral, etc... tendo porém, contra si ou ao seu favor a ferramenta mais difícil de lidar: O SEU LIVRE ARBITRIO.
O contato incessante com os seres que ele odiou é uma prova terrível, que às vezes sucumbe se sua determinação em mudar e de redenção não for suficientemente forte e convicta. Determinada.
E desse modo segundo as suas boas ou más atitudes enquanto na Terra, ele será amigo ou inimigo daquelas pessoas em cujo meio aceitou viver. É assim que se explicam esses ódios, essas repulsas gratuitas e instintivas  que observamos em certas crianças, e que nada parece justificar seus atos. Nenhuma coisa nessa existência justificaria essa antipatia, mas para o espiritismo, é necessário voltarmos os olhos ao passado, pois lá bem distante, em suas vidas anteriores está certamente a explicação. 
Ao reencarnar como uma criança, terá órgãos físicos adequados a sua idade físicas, ainda imperfeitos os quais irão se  desenvolvendo de acordo com o seu crescimento físico.. Em razão disso  precisará ser tratada com muita atenção, carinho e amor incondicional, por aqueles  a quem  estiverem incumbidos da missão terrena de orientar e educar aquele ser.
A prova será obviamente para aquele espírito em expiação na Terra, e para os pais igualmente, pois,  cumpre-lhes aproximarem essa alma o quanto puderem de Deus e não fracassar nessa tarefa, é para ambos, pais e filhos, motivo de júbilo divino junto a Deus. Precisamos compreender que quando geramos um corpo. Lembremos das palavras do mestre Jesus Cristo: “AMAI OS VOSSOS INIMIGOS E ORAI PELOS QUE VOS PERSEGUEM.” 

“O desejo de Deus é que as famílias sejam uma benção, família é um propósito Dele, então, caminhemos nos passos do Pai Celestial, obedeçamos aos seus mandamentos e vivamos uma vida em santidade, e teremos todos um lar no altar de Deus, e que venha a chuva, que corram os rios, e que assoprem os ventos, a sua casa não vai cair porque está edificada sobre a rocha.”

Compreendamos então que os filhos, são espíritos que vieram de outras condições diferentes das nossas, por volta dos quatorze anos de idade terrena, essas nuanças físicas começam a dar sinais de mudança, e isso aos poucos vai tornando-se cada vez mais visível a todos que  ele convive.
E os pais ao detectarem esses sinais, não precisam ficar assustados, o LE na questão 385, nos esclarece que é o espírito retomando a sua  natureza e se mostrando como ele era anteriormente. Não conheceis vós Pais, os segredos que esconde as crianças em sua inocência; não sabeis o que são, o que foram e o que serão, e, todavia, as amais, as quereis bem como se fossem uma parte de vôos mesmos, a tal ponto que o amor de uma mãe por seus filhos é considerado o amor que um ser pode ter por um outro ser.
As crianças são os seres que Deus envia em novas existências e, para que não lhes possa impor uma severidade muito grande, dá-lhes toda a aparência da inocência. Mesmo para uma criança naturalmente má, cobrem-se-lhes as faltas com a não-consciência dos seus atos.  Essa inocência não é uma superioridade real sobre o que eram antes, não, é a imagem do que eles deveriam ser e, não o são, é sobre elas somente que recai o castigo.
E não é somente por elas que Deus lhes dá esse aspecto, é também e sobretudo por seus pais de cujo amor sua fraqueza necessita; esse amor seria singularmente enfraquecido à vista do caráter impertinente e rude, enquanto que crendo seus bons e dóceis, dão-lhes todas as suas afeições e os cumulam de atenções as mais delicadas. Mas logo que os filhos não têm mais necessidade dessa proteção, dessa assistência, que lhes deram por quinze ou vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez. Conservam-se bons se eram fundamentalmente bons, mas se revestem sempre de matizes que estiveram ocultos pela primeira infância. Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores e, quando se tem o coração puro, a explicação é facilmente concebida.
Pais é bom ter em mente que pode até demorar mas um dia Deus irá lhe perguntar: Que fizestes da criança confiada a vossa guarda? Se permaneceu atrasada por vossa culpa, vosso castigo será o de vê-la entre os espíritos sofredores, quando dependia de vós que  fosse feliz.

A designação de filho segundo José Saramago:Filho é um ser que foi emprestado para um curso intensivo de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos e ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo o tipo de dor, principalmente o da incerteza de estar a  agir corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder ? Como ? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.

Cada existência é uma oportunidade para a alma dar um passo à frente, e isso só dependerá da sua vontade de permanecer onde está ou progredir muitos passos em direção a Deus.
É, pois, nas sucessivas encarnações que a alma se despoja pouco a pouco das suas imperfeições, que se purga, até que esteja bastante pura para poder deixar os mundos de expiação, por mundos mais venturosos e, mais tarde, para fruir em outros a suprema felicidade.
Devido às suas imperfeições o espírito culpado sofre  primeiro na vida espiritual, sendo-lhe depois concedida a vida corpórea como meio de reparação.

É por isso que nessa nova existência ele se achará em relação com as pessoas a quem ofendeu, ou em meios semelhante àqueles em que praticou o mal ou ainda em situações opostas a sua vida precedente, como miséria ou numa condição humilhante, por exemplo, se foi mau rico ou orgulhoso. Os espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são o mais freqüentemente espíritos simpáticos , ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda como já o dissemos exaustivamente ao longo desta palestra, acontecer o contrário, que esses espíritos, sejam completamente estranhos um para o outro, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem por seu antagonismo na terra, a fim de lhes servir de prova.
Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da consangüinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem, os espíritos, antes, durante e após a encarnação. De onde se segue que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem, pois, atrair-se, procurar-se  tornar-se amigos, enquanto dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, como vemos todos os dias. Problema moral, que só o Espiritismo podia resolver podia resolver, pela pluralidade das existências (Ver cap. IV, nº 13 do ESE).
Concluindo, há, portanto, duas espécies de famílias: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. As primeiras, duradouras, fortificam-se pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das diversas migrações da alma.
As segundas, frágeis como a própria matéria, extinguem-se com o tempo, e quase sempre se dissolvem moralmente desde a vida atual. Foi o que Jesus quis fazer compreender, dizendo aos discípulos: “Eis minha mãe e meus irmão”, ou seja, a minha família pelos laços espirituais , pois “quem quer que faça a vontade de meu pai, que está nos céus, é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

Sabes os mandamentos ...honra teu Pai e tua Mãe. (Mc X:19 – Lc XVIII: 20 e Mt XIX: 19)

“Não é somente obedecê-los mas também assisti-los nas suas necessidades, advindas com a velhice. Cuidar bem deles como eles fizeram conosco quando éramos crianças.”


Deus possa abençoar a cada um de nós.
Assim Seja.

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