sábado, 7 de abril de 2012

A NEGAÇÃO DE PEDRO

Postado por adão de araujo em 6 abril 2012 às 23:00Enviar mensagem Exibir bloghttp://
O ato do Messias, lavando os pés dos discípulos, contrariou Simão Pedro. O velho pescador não concordava com semelhante ato de submissão. E, chegada a sua vez, considerou, resoluto:
- Nunca me lavereis os pés, Mestre; meus companheiros estão sendo ingratos e duros neste instante, deixando-vos praticar esse gesto, como se fosseis um escravo vulgar.
Em seguida a essas palavras, lançou ao grupo um olhar de reprovação e desprezo, enquanto Jesus lhe respondia:
- Simão, não queiras ser melhor que os teus irmãos de apostolado, em nenhuma circunstância da vida. Em verdade, afirmo-te que, sem meu auxílio, não participarás com meu espírito das alegrias supremas da redenção.
O antigo pescador de Cafarnaum aquietou-se um pouco, fazendo calar a voz de sua generosidade quase infantil.
Terminada a lição e retomando o seu lugar à mesa, o Mestre parecia meditar gravemente. Logo após, todavia, dando a entender que sua visão espiritual devassava os acontecimentos do futuro, sentenciou:
- Aproxima-se a hora do meu verdadeiro testemunho! Sei, por antecipação, que todos vós estareis dispersados nesse instante supremo. É natural, porquanto ainda não estais preparados senão para aprender. Antes, porém, que eu parta, quero deixar-vos um novo mandamento, o de amar-vos uns aos outros como eu vos tenho amado" (...)
Vendo que Jesus repetia uma vez mais aquelas recomendações de despedida, Pedro, dando expansão ao seu temperamento irrequieto, adiantou-se, indagando:
- Afinal, Senhor , para onde ides?
O Mestre lhe lançou um olhar sereno, fazendo-lhe sentir o interesse que lhe causava a curiosidade e respondeu:
- Ainda não te encontras preparado para seguir-me. O testemunho é de sacrificio e de extrema abnegação e somente mais tarde entrarás na posse da fortaleza indispensável.
- Não posso seguir-vos? - indagou Pedro, acaso, Mestre, podereis duvidar de minha coragem? Então, não sou um homem? Por vós darei a minha própria vida.
O Cristo sorriu e ponderou.
- Pedro, a tua inquietação se faz credora de novos ensinamentos. a experiência te ensinará melhores conclusões, porque em verdade, te afirmo que esta noite o galo não cantará sem que me tenhas negado por três vezes.
Julgais-me, então, um espírito mau e endurecido a esse ponto? - indagou o pescador sentindo-se ofendido.
- Não, Pedro - adiantou o Mestre, com doçura - não te suponho ingrato ou indiferente aos meus ensinos. Mas vais aprender, ainda hoje, que o homem do mundo é mais frágil do que perverso.
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A noite caíra sobre a cidade.
Os dois discípulos observaram que a expedição de servos e soldados chegava à residência de Caifás, onde o Cristo foi recolhido a uma cela úmida, cujas grades davam para um pátio extenso. (...)
O ambiente estava já ´preparado pelo farisaismo para os tristes acontecimentos do dia imediato. Em todas as rodas falava-se do Cristo como de um traidor ou revolucionário vulgar. Alguns comentadores mais exaltados o denunciavam como ladrão. Ridicularizava-se o seu ensinamento, zombava-se de sua exemplificação e não faltavam os que diziam, em voz alta, que o Profeta Nazareno havia chegado à cidade chefiando um bando de salteadores.
Pedro sentiu a hostilidade com que teria que lutar, para socorrer o Messias, e experimentou um frio angustioso no coração. Com o cérebro fervilhando de expectativas e cogitações de defesa própria, penetrou no extenso pátio, onde se adensava a multidão.
Para logo, uma das servas da casa se aproximou dele e exclamou, surpreendida:
- Não és tu um dos companheiros deste homem? - indagou, designando a cela onde Jesus se achava encarcerado.
O pescador refletiu um momento e respondeu:
- Estás enganada. Não sou.
O apóstolo ponderou aquela primeira negativa e fingindo despreocupação se dirigiu a uma pequena aglomeração de populares, onde cada qual procurava proteger-se do frio intenso da noite aquentando-se junto a um braseiro. Novamente um dos populares, reconhecendo-o, o interpelou nestes termos:
- Então, viestes socorrer o teu Mestre?
Que Mestre, perguntou Pedro, - entre receoso e assustado - nunca fui discípulo desse homem.
Fornecida essa explicação, todo o grupo se sentiu à vontade para comentar a situação do prisioneiro. A noite ia adiantada, quando alguns servidores vieram servir bilhas de vinho. Um deles, encarando o discípulo com certo espanto, exclamou de súbito:
- É este!... É bem aquele discípulo que nos atacou com a espada, entre as árvores do horto!...
Pedro ergueu-se, pálido, e protestou:
- Estás enganado, amigo. Vê que isso não seria possível!...
Logo que pronunciou sua derradeira negativa, os galos da vizinhança cantaram em vozes estridentes, anunciando a madrugada.
Pedro recordou as

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