sexta-feira, 25 de março de 2016

Trago comigo o orgulho e a predestinação de minha terra e sinto, com o máximo orgulho,
que, ao contar-vos coisas de mim mesmo, vos revelo apenas que a imagem desses recantos
tem sido a estrela tutelar de minha cruzada.”


(Oswaldo Aranha)

OSWALDO ARANHA, DE ALEGRETE PARA O MUNDO...
1894
A 15 de fevereiro, nasce em Alegrete-RS OSWALDO EUCLIDES DE SOUZA ARANHA - o “Cidadão do Mundo”.
Era filho do coronel Euclides Egydio de Souza Aranha e Luiza de Freitas Valle Aranha, proprietários da estância Alto Uruguai no município gaúcho de Itaqui, onde ele passou a infância. Foi alfabetizado por sua mãe.
Segundo entre os 11 filhos do casal, descendia diretamente, pelo lado paterno, de Maria Luzia de Sousa Aranha, baronesa de Campinas (da região paulista que hoje corresponde à cidade do mesmo nome), cujo marido foi um dos responsáveis pelo início do plantio de café na província de São Paulo.

Seus avós paternos eram Martins Egydio de Souza Aranha e Sabina Amaral Nogueira Aranha, ambos naturais de São Paulo.
Seus avós maternos eram Manoel de Freitas Valle, natural de São Paulo, e Luiza Jacques de Freitas Valle, natural de Alegrete-RS.
Seu pai exercia a chefia do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) em Itaqui.
Na família de sua mãe, dedicada tradicionalmente à política em Alegrete, destacou-se LUIS de FREITAS VALLE, Barão de lbirocaí, o fundador do jornal Gazeta de Alegrete, o mais antigo jornal do Rio Grande do Sul. Também JOSÉ DE FREITAS VALLE, que foi Senador da República, por São Paulo e teve uma casa de cultura em São Paulo, chamada Ville Kyrial, freqüentada pela mocidade intelectual da época, como Manoel Bandeira, Tarcila do Amaral, etc.
Oswaldo Aranha
Criado na fazenda do pai em Itaqui, aos 13 anos ingressou no Colégio Militar no Rio de Janeiro.
Na antiga capital federal, formou-se em Direito, em 1916. Durante seis meses, estudou Direito Internacional na Universidade de Sorbonne, em Paris.

Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial em 1914, regressou ao Brasil e iniciou a carreira política.
Em 1923, tinha uma banca de advocacia em Itaqui quando resolveu pegar em armas para defender o governo do caudilho Borges de Medeiros, presidente do Estado.

Participou ativamente da Revolução de 1923, tendo sido ferido numa perna no combate que se travou sobre a ponte do rio Ibirapuitã, em 19 de junho desse ano (foto abaixo). Ferido, foi transportado numa carreta sob ameaça de gangrena até um hospital.
Após a Revolução, foi nomeado por Borges de Medeiros, para a subchefia da Polícia da Região da Fronteira. 
 

Ponte Borges de Medeiros, sobre o rio Ibirapuitã.
1925
Em fevereiro, foi eleito intendente (prefeito) de Alegrete, governando a cidade de 1925 a 1927.

Apresentou um plano de governo surpreendente pelo alcance demonstrado nas questões da cidade e também um plano de saneamento público que só foi concretizado mais tarde pelos seus sucessores. Na sua administração, a cidade foi precursora no estado em ter energia elétrica e possuir rede de esgotos.
1926
Chefiou a Vanguarda Legalista a convite do presidente Washington Luís.
A ÚLTIMA CARGA DE CAVALARIA (O Combate de Seival)
(Jornal Zero Hora – Almanaque Gaúcho**, edição de 27-11-2006)
É com esse significado, de última carga da cavalaria gaúcha e de última manifestação quase secessionista no Rio Grande do Sul, que o pesquisador Flávio Poitevin descreve o combate de 25 de novembro de 1926. Nesse dia, as tropas rebeldes comandadas pelos irmãos Alcides e Nelson Etchegoyen derrotaram as forças governistas que tinham entre seus líderes o então intendente de AlegreteOswaldo Aranha.
O movimento armado, conhecido como Coluna Relâmpago, irrompera no território gaúcho dias antes, visando impedir a posse de Washington Luís na Presidência da República. Concentrada basicamente numa unidade do Exército em Santa Maria-RS, a rebelião dos irmãos Etchegoyen não conseguiu dominar a cidade, abandonando-a. Contra eles, Oswaldo Aranha formou um corpo provisório e se apresentou ao comando da 3ª Região Militar, que o designou para chefiar a vanguarda legalista e fazer o reconhecimento da região onde provavelmente estariam os rebeldes. O encontro entre os dois grupos se deu nos campos do Seival, no município de Caçapava do Sul-RS, a 25 de novembro. No combate, Oswaldo Aranha foi atingido no calcanhar direito por uma bala que esfacelou os ossos de ligação do pé com a perna. Recebeu o primeiro atendimento em Lavras e depois em Bagé. Manifestaram-se sinais de gangrena, por fim debelada, não sem antes os médicos terem cogitado da amputação da perna.
Durante quase três anos, Oswaldo Aranha sofreu as seqüelas do ferimento, o que o obrigou, por fim, ao uso de sapatos especiais. No combate de 25 de novembro, os soldados rebeldes, melhor treinados e equipados, dizimaram a gauchada comandada por Oswaldo Aranha. O número de mortos no campo de batalha teria sido de cerca 150, a maioria entre as tropas governistas.
(**) Fonte: Fundação Getúlio Vargas, com colaboração de Pedro Henrique Caldas, de São Lourenço do Sul-RS.

Oswaldo Aranha (ao centro) retorna à Alegrete em 1925, um ano antes
da Batalha de Seival.
1927
Foi eleito Deputado Estadual.
1928
Foi eleito Deputado Federal e escolhido Secretário do Interior e Justiça do Rio Grande do Sul, na gestão de Getúlio Vargas. A foto abaixo é dessa época da conspiração que antecedeu a revolução de 1930, quando Getúlio Vargas ocupava o cargo de Presidente (governador) do Rio Grande do Sul.
Em 1928, Getúlio Vargas ao centro, como Presidente do Estado do RS,
entre seus secretários Oswaldo Aranha (o de cigarro) e João Fernandes Moreira.
OSWALDO ARANHA e GETÚLIO VARGAS
(Jornal Zero Hora – Almanaque Gaúcho, edição de 25-01-2008)
"Em 25 de janeiro de 1928, com 44 anos, Getúlio Vargas assumiu a presidência do Estado do Rio Grande do Sul, em substituição a Borges de Medeiros. Fechava-se um ciclo importante da história gaúcha. Mesmo integrando o partido do homem que dominara a política rio-grandense durante três décadas, Getúlio fez questão de, sem romper com Borges, montar um governo autônomo, cercando-se de nomes de suas próprias relações. Para o importante cargo de Secretário da Justiça, indicou Oswaldo Aranha, o impetuoso representante de uma nova geração de políticos. Para a Fazenda, chamou um amigo dos tempos da faculdade, Firmino Paim Filho, e, para as Obras Públicas, indicou João Fernandes Moreira. Para a estratégica função de chefe de Polícia, nomeou seu concunhado Florêncio de Abreu(...)".
1930
Participou da formação da Aliança Liberal, de oposição, e foi ativo articulador da Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder. Foi ele quem concretizou a organização do movimento armado para depor o presidente Washington Luis.
"Ele foi a alma da revolução. Um elegante senso cívico o guiava", disse o filho Euclydes, em entrevista à revista ISTO É.

Após o sucesso da Revolução, adquiriu projeção nacional. Foi um dos mais atuantes políticos de sua era, ocupando cargos de grande importância para o destino da nação.
Quando Getúlio Vargas assume a Chefia do governo provisoriamente em 1930, Oswaldo Aranha assume o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. A partir de então, as suas participações na política nacional foram de suma importância.
AQUELE 3 de OUTUBRO
(Jornal Zero Hora – Almanaque Gaúcho, edição de 03-10-2006)
Apesar de Borges de Medeiros ter reconhecido a vitória do paulista Júlio Prestes sobre Getúlio Vargas em 10 de março de 1930, a maioria dos integrantes da Aliança Liberal (que promovera a candidatura de Vargas) não se conformou com o resultado. A articulação para enfrentar pelas armas o poder central ganhou intensidade com o entusiasmo de Oswaldo Aranha, João Neves, Flores da Cunha, Maurício Cardoso, Lindolfo Collor e especialmente Batista Luzardo. Foram de Luzardo os primeiros contatos para obter a adesão de Minas Gerais e Paraíba para a revolução. A Oswaldo Aranha coube a organização do levante. Getúlio conspirava, mas por trás dos bastidores.
A revolução eclodiu às 5h da tarde de 3 de outubro de 1930, quando Osvaldo Aranha e Flores da Cunha comandaram o assalto aos quartéis da Rua da Praia, sedes dos mais importantes corpos militares do sul do Brasil. Pouco antes da meia noite, Porto Alegre estava em poder dos rebeldes, com a única exceção do 7° Batalhão de Cavalaria, que ainda resistia sob o comando do coronel Benedito da Silva Acauã. Em homenagem a esse primeiro dia da chamada Revolução de 30, a Constituição de 1946 estabeleceria 3 de outubro como a data das eleições presidenciais brasileiras, o que perdurou até o período militar na década de 60.
1931
É escolhido para Ministro da Fazenda do governo Getúlio Vargas, a quem dedicava uma grande amizade.
Oswaldo Aranha
1933
Tornou-se líder do governo na Constituinte.
1934
Segue para Washington, após aceitar o cargo de Embaixador do Brasil nos Estados Unidos, onde desempenha exemplarmente o seu cargo.
Foi o principal arquiteto das alianças comerciais com os americanos.
Usava as boas relações de Getúlio com os alemães nazistas para barganhar apoio financeiro dos Estados Unidos ao projeto da Companhia Siderúrgica Nacional.
1936
Participa da Conferência Interamericana para Manutenção da Paz em Buenos Aires.
1937
Quando Getúlio dá o golpe do Estado Novo, Oswaldo Aranha demite-se do cargo de Embaixador e volta ao Brasil.
1938
Assume o cargo de Ministro de Relações Exteriores, permanecendo no cargo até 1944.

Sempre preocupado com questões de segurança nacional, promoveu o Pan-americanismo e estreitou o relacionamento com a Argentina.

Organiza a VIII Conferência Pan-Americana em Lima.

No Itamaraty, iniciou profunda reforma, colocando a diplomacia brasileira no caminho da constante análise política da situação internacional e a utilização do comércio e demais atividades econômicas como instrumento da política externa brasileira.

Como Ministro das Relações Exteriores, no Jóquei Clube do Rio de Janeiro.
1939
A “Missão Aranha” é chefiada pelo diplomata e resulta na assinatura de tratados econômicos entre Brasil e EUA.

Como chanceler do Brasil durante a Segunda Guerra, colocou o País do lado dos Aliados, conseguindo, com a vitória destes, importantes vantagens políticas e econômicas que propiciaram o início da nossa industrialização sistemática.
Oswaldo Aranha
1947
Após a queda de Getúlio, seu prestígio não diminuiu. Homem de diálogo eficiente, os improvisos de Aranha eram famosos. O presidente Eurico Gaspar Dutra o nomeou Chefe da Missão Brasileira junto à ONU (Organização das Nações Unidas). 
Foi eleito Secretário Geral da ONU em 1947 e reeleito em 1948. 
Oswaldo Aranha inaugurou, na primeira Sessão Especial da Assembléia Geral da ONU, em 1947, a tradição que se mantém até hoje de ser um brasileiro o primeiro orador deste grande e importante foro internacional.


Em 16 de setembro de 1947, preside a sessão da ONU em que é aprovada a partilha da Palestina, com a futura criação do Estado de Israel em 1948. Em razão de ter dado pátria ao povo judeu, seu nome é considerado uma legenda em Israel.
Em 2007, foram preparadas inúmeras homenagens a Oswaldo Aranha pela comunidade judaica, pois marcou os 60 anos dessa célebre sessão da ONU, presidida por ele, e que determinou a criação do Estado de Israel. O médico carioca Nelson Menda, da Associação Israelita do Rio de Janeiro, é quem coordenou as homenagens prestadas a Oswaldo Aranha.
1953
No segundo governo de Getúlio, voltaria ao Ministério da Fazenda, em 1953. "Se não houvesse Oswaldo Aranha, não haveria Getúlio Vargas", afirma o filho Euclydes.
1954
Em 24 de agosto, acompanhou Getúlio Vargas na sua última viagem para São Borja. Junto ao túmulo do amigo, pronunciou um discurso imorredouro.
1957
Após o suicídio do presidente Getúlio Vargas, afasta-se da política, porém em 1957 retorna à ONU, chefiando a delegação brasileira à XII Assembléia Geral das Nações Unidas.
1960
Falece no Rio de Janeiro, em 27 de janeiro 1960, aos 66 anos de idade, não deixando herdeiro de sua prodigiosa mentalidade e senso político.

Túmulo de Oswaldo Aranha, no Rio de Janeiro.

É considerado um dos maiores expoentes políticos do país em toda a sua história.
Apesar de ser um cidadão do Mundo, OSWALDO ARANHA sempre sentiu um grande orgulho de sua origem rural e costumava apresentar-se como “Peão do Alegrete”.
Oswaldo Aranha é descrito pelo psicanalista João Gomes Mariante como um homem que manejava o narcisismo com equilíbrio. No livro Os Três Ases de 30 (os outros dois são Getúlio Vargas e Flores da Cunha), Mariante refere-se ao homem que presidiu a Organização das Nações Unidas (ONU) como um "gaúcho universalizado": "Tudo nele tinha uma simplicidade sem igual. Com a mesma naturalidade que trajava bombacha, envergava fraque e cartola."

Em novembro/2007 foram feitas inúmeras homenagens a OSWALDO ARANHA em Israel, por ocasião dos festejos dos 60 anos da criação do Estado de Israel. No dia 27-11, membros da família de Oswaldo Aranha visitaram o Kibutz Bror Hayil, onde estão expostos os documentos históricos e o martelo usado por Oswaldo Aranha na Assembléia Geral da ONU que aprovou a Partilha da Palestina, em 29 de Novembro de 1947.

Instituto de Educação Oswaldo Aranha
Principal colégio estadual da cidade de Alegrete-RS.
Nota da Webmaster:
O acervo da biblioteca particular de OSWALDO ARANHA com cerca de 11,5 mil obras está em uma sala reservada do Instituto de Educação Oswaldo Aranha e começou recentemente a ser catalogado por estudantes e professores do curso de História da Universidade Regional da Campanha (URCAMP)- campus de Alegrete. Segundo o pesquisador Luiz Felipe Schervenski Pereira, os livros mostram o interesse de OSWALDO ARANHA pelas obras de ciência política, sociologia e filosofia. Podem ser encontradas obras como Filosofia Positiva, de Auguste Comte, em francês, edição de 1907, e o acervo completo do jornal gaúcho A Federação. O historiador acredita que será possível descobrir um pouco mais sobre as idéias de OSWALDO ARANHA a partir de suas leituras e observações feitas nas páginas de livros e jornais da época. Os livros empoeirados dispostos em robustas estantes de madeira guardam parte dos fundamentos teóricos da política externa brasileira entre as décadas de 30 a 50.
Fonte: Jornal Zero Hora, edição de 08-09-2006 (Francisco Amorim).

SUAS FRASES...
Postal do Museu Oswaldo Aranha
“Viver é a melhor e mais bela forma de morrer.”
“Os homens desse país têm o traço de suas geografias”.
“ A vida diplomática ou é uma devoção, ou uma vulgaridade.”
“ O desarmamento espiritual é a base do futuro das nações”.
“O medo da verdade é o mais covarde dos medos”.
“Não é pela violência que se fazem as conquistas”.
“O berço que marcou minha vida foi aquecido no fogão das revoluções”.
“Quem quiser escrever a história do Brasil tem que molhar a pena no sangue do Rio Grande”.
“Queremos que os governos tenham o programa do povo, e não que o povo tenha o programa dos governos..."
“Os homens, como os povos, são o que foram suas ações e o que são suas idéias". 


MEMORIAL OSWALDO ARANHA
Em 20 de agosto/2007, foi lançado em Alegrete o projeto do futuro Memorial Oswaldo Aranha, com 872,65m², cuja planta é da autoria do consagrado arquiteto Oscar Niemeyer - amigo pessoal da família Aranha -, a ser construído numa colina às margens da rodovia Oswaldo Aranha (BR-290), no perímetro urbano de Alegrete/RS, em terreno já cedido pela União, próximo à Vila Militar.
O parecer favorável para a concessão dessa área que pertencia à Guarnição Militar de Alegrete já foi dado em 1986, pelo então comandante da 12ª Cia., capitão Sérgio Barreto de Matos, segundo informou o ex-prefeito de Alegrete, Adão Faraco - o mentor do p rojeto original do Memorial para homenagear o alegretense mais famoso. Desde 1986, Faraco tem difundido essa idéia, já tendo apresentado o projeto diversas vezes às mais diversas autoridades e instituições. Foi nessa mesma época, durante o mandato de Faraco, que foi criado o Museu Oswaldo Aranha, na casa onde nasceu Oswaldo Aranha.
"Uma homenagem como esta, de Alegrete ao seu filho mais ilustre deve realmente empolgar a todos", argumenta Adão Faraco, lembrando que Oswaldo Aranha chegou aos mais altos cargos da República sem se desligar jamais das suas origens. "Orgulhava-se de ser o Peão do Alegrete", elogia o ex-prefeito.
O projeto tramitou em Brasília sob a supervisão e acompanhamento da família do diplomata. Através de uma filha de Oswaldo Aranha (Dedei Aranha Corrêa de Lago) e de uma neta (Zênia "Zazi" Aranha), a maquete do referido projeto foi tombada e passou a ser acervo do Museu Oswaldo Aranha de Alegrete.


Maquete do projeto arquitetônico do Memorial Oswaldo Aranha, de Oscar Niemeyer, hoje
pertencente ao acervo do Museu Oswaldo Aranha (Alegrete), após tombamento.
Tem a forma de pássaro e representa os cinco continentes.
Localizado em uma colina junto à BR-290, o Memorial Oswaldo Aranha será também a demonstração de que o pampa gaúcho não é apenas o resultado de um passado de lutas. "E não há local mais bonito", vibra Adão Faraco, lembrando que o Memorial ficará às margens da principal via de acesso dos turistas dos chamados Países do Prata.
Um Centro Cultural virá suprir uma carência histórica da região da fronteira-oeste gaúcha, distante dos grandes centros, mas berço de homens do porte de Oswaldo Aranha. A área prevista será de 800 metros quadrados, com salas para biblioteca, anfiteatro e espaço votivo. Haverá ainda o bosque das Nações Unidas, cenário natural de 8 hectares com árvores simbolizando os países que constituíam a ONU na época. O prefeito do Rio de Janeiro, Cézar Maia, tentou levar a construção do Memorial para lá, mas não contou com o apoio da família Aranha, que fechou questão quanto à construção da obra ser em Alegrete.
Para alavancar recursos para a construção desse importante espaço cultural, foi criada uma Comissão Pró-Memorial Oswaldo Aranha, composta por pessoas de diferentes segmentos da sociedade, com influência ao nível estadual e federal. As ações estratégicas da comissão são planejadas por Antonino Souza Dornelles, médico e produtor rural alegretense e Andréa Motta de Oliveira, diretora do Museu Oswaldo Aranha. 


MUSEU OSWALDO ARANHA
Casa onde nasceu e morou Oswaldo Aranha, hoje Museu Oswaldo Aranha (foto: Roberto da Motta Peres).
É a casa pertencente à Família Freitas Valle (avós maternos de Oswaldo Aranha), onde ele nasceu a 15 de fevereiro de 1894. É uma construção do século XIX, composta por 8 salas na primeira parte da casa, com pátio calçado (foto abaixo), possuindo duas alas de construção, a da esquerda com quatro salas grandes e um banheiro, e a da direita, com 6 salas menores. Há um poço artesiano já fechado, bem no fundo do terreno.
O Decreto Executivo n° 24/84, de 25 de maio de 1984, do Prefeito Dr. Adão Dornelles Faraco, deu início às obras de restauração da Casa Oswaldo Aranha. Após a restauração, a residência foi transformada em Museu Oswaldo Aranha, sendo inaugurado no dia 24 de outubro de 1984.
Fundos do Museu Oswaldo Aranha, onde se vê um pátio calçado
O Museu é constituído por dois acervos. Os móveis e objetos pertencentes ao Dr. Oswaldo Aranha e o acervo foto-biográfico (com reportagens de jornais), elaborado pela Fundação Getúlio Vargas - Rio de Janeiro, em exposições permanentes que retratam a sua vida política, a sua carreira no Brasil e no mundo e várias outras obras significativas. Possui um dos acervos foto-biográficos mais importantes do País e foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Esta casa de cultura tem por objetivo a preservação do acervo e a divulgação do nome do Patrono e oferece ao público visita guiada por professores especializados.
Museu Oswaldo Aranha abriga inúmeros eventos e exposições e é coordenado pela professora Andréa Motta de Oliveira.
Depois de pertencer à Família Freitas Valle, a casa foi uma Clínica Médica, Hotel Central, Secretaria de Educação do Município e, finalmente, Museu Oswaldo Aranha. Localiza-se no centro da cidade, na Praça Getúlio Vargas, 585 (foto) . O local foi sempre de efervescência política, porque ali se encontravam os Freitas Valle** que dirigiram este município por várias décadas (ver resumo abaixo).
 


(**) FAMÍLIA FREITAS VALLE (Família materna de Oswaldo Aranha):
01 - Luiz Ignácio Jacques (pai de Luiza Fermina Jacques, que casou com Manoel de Freitas Valle). Trabalhou como vereador durante quatro gestões. Foi eleito vereador em fevereiro de 1834 a 1840, reeleito de 1840 a 1845. Foi Presidente da Câmara de Vereadores duas vezes de 1845-1849 e 1860-1864.

02 - Manoel de Freitas Valle (pai), criador, comerciante da Firma Jacques & Freitas e político. Foi vereador no período de 1864-1867 a 1868-1872, em dois períodos legislativos.

03 - Dr. Simplício Ignácio Jacques, Presidente da Câmara, na gestão (1876-1880), comerciante, homem de muita visão. Como presidente da Câmara de Vereadores, fazia o papel de Poder Executivo.

04 - Luiz Jacques de Freitas Valle, Barão do Ibirocay, Presidente da Câmara de Vereadores de 1884 a 1888; foi Presidente do Partido Conservador; foi criador e financiador da campanha abolicionista, através do Clube Emancipador; foi Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro; foi fundador e primeiro Presidente da Federação das Associações Comerciais do Brasil; foi diretor da Companhia Estradas de Ferro São Luiz e Caxias, no Estado do Maranhão. Era filho de Manoel de Freitas Valle.

05 - José Jacques de Freitas Valle, irmão do Barão do Ibirocay, foi Senador da República, por São Paulo; teve uma casa de cultura em São Paulo, chamada Villa Kyrial, freqüentada pela mocidade intelectual da época, como Manoel Bandeira, Tarcila do Amaral, entre outros. Foi poeta, usando o pseudônimo de Jaques Davrey.

06 - Coronel Manoel de Freitas Valle Filho, Intendente em três administrações: (1901-1904); de janeiro a setembro de 1905, quando renunciou para ser Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; e de 1913 a 1916, quando faleceu.

07 - D. Luiza Jacques de Freitas Valle Aranha, mãe do Dr. Oswaldo Aranha, teve um desempenho social de alta valia, sendo precursora, em Alegrete, da assistência social.

08 - Dr. Oswaldo Euclides de (Freitas Valle) Souza Aranha foi advogado, revolucionário, Prefeito de Alegrete, Deputado Estadual, Deputado Federal, Secretário do Interior do Rio Grande do Sul, Governador do Rio Grande do Sul, Ministro da Justiça, Ministro da Fazenda, duas vezes, Ministro da Agricultura, Embaixador nos Estados Unidos, Ministro das Relações Exteriores, Presidente da ONU em duas Sessões.

09 - Dr. Antônio Freitas Valle, Vice-intendente na gestão do Dr. Francisco Carlos de Sá Dornelles 1921-1922; assumiu como Intendente no período de 1922 a 1924; foi Intendente de 1929 a 1930; foi Interventor Estadual de 1930 a 1933, sendo então o primeiro cidadão a usar o título de Prefeito Municipal; foi Chefe de Polícia da região; foi Cônsul do Rio Grande do Sul, na cidade de Salto, no Uruguai, durante 20 anos.


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