domingo, 17 de fevereiro de 2013

LOUCOS E SANTOS Por : J. Ferreira

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer,
mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade
inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem
os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e 
santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me 
tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para 
isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das 
diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela 
alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também
sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer 
junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero
risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles
que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a 
fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os 
metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não 
esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham 
pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os 
vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me 
esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
(Oscar Wilde).

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