quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

REPRISE DE 2011 - UMA TATUAGEM OU SUA VIDA? QUEM ESTÁ VALENDO MAIS?

Outro dia, estarrecido assisti pela TV que um jovem foi barrado para o exercício da atividade de salva – vidas temporário, por causa de uma tatuagem que o referido possui  em certa parte do corpo.
A despeito do fato ora haurido, cabe a seguinte indagação a população gaúcha que veraneia costumeiramente na orla marítima de Torrres a Barra do Chuy:Em que ponto uma tatuagem interferirá no salvamento de uma vida? Quem vale mais a vida ou uma tatuagem? Diga-me quem?
Bom, sem querer me intrometer e muito menos criticar as esferas do direito, questiono ainda a quem interessar possa: Onde fica o direito a preservação da vida, que é o bem maior que possuímos? A segurança dos banhistas não ficará comprometida ao negarmos a eles a possibilidade de contarem com pessoas capacitadas, jovens e em pleno vigor físico? Evidentemente, que  como a gente pode constatar pelos veículos de imprensa, o número de afogados em lagoas, rios de águas doces, açudes e claro que no mar, nesse ano de 2011 é algo assim, digamos,  assustador. 
O Estado a quem cabe deliberar sobre esse tipo de assunto, ao que parece, fechou os olhos e os ouvidos a seus cidadãos, que estão perdendo a vida nos cursos d’águas, por causa de uma tatuagem. Vidas não podem jamais valer mais do que uma marca no couro de ninguém.
Esse valoroso trabalho que é executado por bravos cidadãos fardados, já conta com mais de trinta anos acontecendo nos litorais sul e norte gaúcho, mas todos os anos é a mesma panacéia: Os municípios dizem que é o Estado que tem de gerir tudo, e o Estado diz que é incumbência dos municípios e enquanto isso, quem paga o pato são os coitados dos veranistas que  vão “morrer na praia”. 
A gente sabe que basta ao Estado, entidade maior e que deve regrar seus municípios, criar uma secretaria para cuidar o ano todo desse assunto, que quando chegar o verão a situação estará sob controle. É isso ai mesmo meus amigos, têm que haver planejamento.
Apesar de toda essa loucura que a gente assiste pelos veículos de imprensa, eu lhes posso assegurar o seguinte: que o fato de um salva-vidas possuir uma tatuagem em seu corpo, não atrapalha em nada as suas atividades profissionais. Talvez, meus diletos leitores, vocês estejam curiosos e se perguntando:  Como ele pode afirmar assim com tanta certeza? Calma gente, eu lhes responderei logo a seguir. “o sal – vidas ai da foto sou eu mesmo, o J.Ferreira”. 
Por vários anos trabalhei como salva-vidas, nas diversas praias do litoral norte gaúcho, e salvei muitas vidas, resgatei inúmeros afogados. A salva-vidas, precisa ser uma pessoa muito especial, seja homem ou mulher, não importa o seu sexo, ele precisa ser salvath (salva-vidas). 
Para ser reconhecido como um bom SALVATH, na linguagem dos salva-vidas, exige que você possua as seguintes qualidades indispensáveis à profissão: destreza na água; agilidade no “pensar e agir em movimento”; resistência física impar ou seja, ser capaz de permanecer no meio liquido (água) nadando por longo período e sobreviver você a sua vitima; quando entrar no mar, retirar a sua vítima “viva”, no menor tempo possível; ser conhecedor da técnica de primeiros socorros, pois muitas vezes o próprio salvath, necessita realizar o chamado “ressucitamento” do afogado ainda dentro d’água, etc.  
Na verdade, apesar de ser legal a proibição a luz das normas vigentes, elas não passam despercebidas, mais por dificultarem e até mesmo virem de encontro aos interesses dos banhistas, que são cidadãos desta terra gaúcha. E no caso especifico os veranistas que ocupam o nosso litoral durante o período de verão.
Do mais de setecentos salva-vidas que anualmente atuam no litoral norte gaúcho, até o ano em curso, há uma parcela de aproximadamente duzentos e cinqüenta que usam tatuagem. E lhes asseguro que são excelentes no que fazem, contando com incontáveis salvamentos já realizados.
A luz do que lhes esclareço neste texto, aos veranistas gaúchos não restará  outra alternativa dentro em breve, senão a de irem para as praias catarinenses, nem que seja do outro lado do rio Mampituba. Outra alternativa, é acionar os representantes do legislativo gaúcho, e realização de uma consulta popular sobre  o caso. Que seja votado pelo povo gaúcho o que eles acham mais importante para eles: Uma tatuagem no corpo de um salva-vidas ou morrer afogado? 
Eu acompanhei todas as noticias sobre a proibição de um candidato tatuado, e sinceramente, eu não vi e nem ouvi alguma explicação plausível que me convencesse  - em tese - definitivamente da incapacidade.
Partindo do referencial que a missão do salva-vidas, é exclusivamente “realizar prevenção e salvar pessoas em processo de afogamentos”, cabe insistir com a pergunta: Por qual motivo um sava-vidas não deve usar tatuagem? Em qual parte do salvamento, a tatuagem irá atrapalhar o processo? E qual o risco que a tatuagem oferece aos veranistas que são retirados da água. Para lhes provar o que afirmo, deixo o meu convite aqui registrado: Quem achar que tatuagem atrapalha a atividade de salva-vidas, observe bem os salva-vidas que estão espalhados pelo litoral sul e norte do nosso Estado.
Para concluir este comentário, pago para ver se alguma pessoa que esteja em processo de afogamento, que ao ser abordada pelo salva-vidas, lhe indague: Você é tatuado? Se você possuir tatuagem, pode voltar que eu esperarei me afogando aqui até chegar um que não seja. Ora bolas! Poupem-me dessas idiotices não é mesmo gente? Mas enfins, caberá a vocês “cidadãos gaúchos”, decidirem quem está valendo mais: UMA TATUAGEM OU A SUA VIDA E A VIDA DE SEUS ENTES QUERIDOS.

Abram os seus olhos meus amigos! E não vão atrás do canto da sereia.

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