domingo, 21 de abril de 2013


O ANDARILHO  - PARTE I

Era um final de tarde de uma sexta-feira, mês de outubro do ano de mil novecentos e oitenta e nove, e eu retornava de uma viagem de férias ao Litoral Norte gaúcho, juntamente com minha esposa e nossos dois filhos, hoje ambos criados e vivendo suas próprias vidas de adultos.

Tínhamos parado o nosso carro em um posto de gasolina, situado a poucos quilômetros da entrada da cidade e, enquanto esticávamos as pernas um pouco, aproveitei para preparar o meu chimarrão, que já pronto, sorvia lentamente como de costume para saboreá-lo melhor.

E assim, distraído, estava eu ali, sentado sobre o cordão da calçada e observando os fatos, que ocorriam ao meu redor.

E foi no exato momento em que eu servia mais um chimarrão, que ouvi um barulho e pude ainda observar o veículo enorme freando. E em um olhar mais atento, notei a silhueta de um homem que era atropelado pela lateral esquerda do veiculo e jogado ao chão. Confesso que quando me dei pr conta, lá estava eu com o atropelado e lhe prestando as primeiras assistências, pois, sou socorrista básico. E ainda estupefato o motorista  tentava de todas as maneiras possíveis se justificar, mas a vitima, me deixava transparecer que não estava nem ai. Em sua primeira fala o homem, um sujeito magro, de cor branca, aparentando uns cinqüenta anos mais ou menos, vestia o que sobrou do que outrora foi uma roupa social fina e cara, disse: com voz forte e pausada “ – Você não é culpado de dana meu caro motorista, a culpa foi minha; Toda minha. Fique sabendo que não quero prestar queixas e nem fazer boletins de ocorrências nenhuma, a acalme-se ai que eu não estou ferido, apenas tenho alguns arranhões pequenos sem importância; estou bem. Você, meu caro motorista, é que não competente para dar cabo de mim. 

Fiquei sensibilizado com o que ouvi o homem dizer, aproximei-me e ofereci minha ajuda para curar  seus ferimentos, que na verdade eram alguns pequenos arranhões sem gravidade.

Coloquei o homem na parte de trás da camioneta e o levei até a minha casa. Curei suas feridas; dei-lhe roupas limpas, fiz o mesmo tomar um bom banho, barbear-se, e depois, uma refeição que o mesmo devorou vorazmente. Depois de todos esses procedimentos, hospedei-o em um dos quartos da casa principal e não demorou muito e lá estava o homem mergulhado em sono profundo.
E havia transcorrido alguns dias, quando a tardinha eu chegava do trabalho e me deparei com o “estranho hóspede” ensinando língua inglesa para as crianças, demonstrando um bom conhecimento do assunto. È preciso dizer que aquele estranho sujeito, em poucos dias, cativou a todos nós e tornou-se amigo das crianças e de  seus pais.  Nem parecia mais com aquele individuo transtornado do dia do acidente. Passou a acordar cedo, lia todos os jornais e

( Continua no próximo domingo...)

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